Nino Denani

Estamos passando por uma coisa no Brasil, neste momento, que se repete a cada ano; a temporada de chuvas, que acontece no verão. Quando jovem, eu praticava um tipo de atividade conhecida como Trekking, ou seja, eu gostava muito de fazer longas trilhas, que as vezes culminavam em um acampamento selvagem, em meio a natureza. Conheci lugares maravilhosos assim e uma coisa que a gente aprende desde cedo nesse tipo de atividade é; cuidado ao acampar no verão.

O verão é uma época onde temos muito sol, o tempo é quente e ideal para tomar um banho de cachoeira, mas também é a época onde a chuva é mais forte e a mesma cachoeira que pde ser uma delícia, também pode se transformar em uma violenta matadora, com um fenômeno conhecido como “tromba d’água”. Pois é; entre ano, sai ano e o verão aqui no sudeste do país, pelo menos, é bem desafiador. Por conta da ampliação das cidades, construção de prédios e o próprio aquecimento global, cada vez mais as chuvas se transformam em tempestades e sofremos coisas como foi no ano de 2022, em Petrópolis.

Ano passado, fiz junto a alguns amigos, uma iniciativa para ajudarmos essas pessoas que perderam casas, parentes e tudo o mais e, este ano, vamos fazer algo semelhante. 

Entretanto para isso, preciso dizer uma coisa a vocês: Não reze pelos famintos.

Olá, meu nome é nino denani, sou psicanalista, pós graduado em neuropsicologia, mago hermetista e quero convidar você a conversar um pouco mais sobre as artes mágickas.

O texto de hoje vai ser bem rápido porque eu não quero dar a chance de vocês se perderem no assunto: Nós, brasileiros, sem sombra de dúvidas temos problemas. Muitos deles são bem sérios, outros menos sérios, mas nós nos acostumamos a fechar os olhos para isso e seguir nossas vidas. Não sei se isso tem a ver com a forma como o país foi construído, se tem a ver com uma manipulação das pessoas que estão no poder ou se a gente só dá asas a nossa condição de primata mesmo, onde o meu bando tem que sobreviver a despeito do bando vizinho, mas de qualquer forma, nós temos problemas.

Por exemplo; segundo a ONG Banco de Alimentos, no Brasil, 125 milhões de pessoas vivem com a insegurança alimentar, o que quer dizer que essas pessoas não conseguem ter certeza que vão conseguir comer a próxima refeição. Para você ter uma ideia, esse número de pessoas encheria quase 1800 vezes o estádio do Morumbi, em São Paulo. É muita gente. Você talvez não consiga compreender as decorrências disso, então eu vou te ajudar agora:

Quando nós estamos em risco alimentar, não conseguimos nos alimentar direito, o nosso cérebro não recebe uma boa quantidade de nutrientes, o que reduz significativamente a capacidade de compreensão, ou cognição, das pessoas. Segundo estudo publicado na British Medical Journal, o QI de crianças com má alimentação reduz em média, mais de um ponto. Esse é um risco orgânico, biológico, mas claro que também temos os sociais: a partir do momento que uma família não tem condições de se alimentar corretamente, ela se ve obrigada a, por exemplo, gastar mais tempo da vida procurando formas de fazer isso do que de qualquer outra coisa. Uma das consequencias disso é que hoje cerca de metade dos jovens até os 25 anos não terminaram o ensino básico. Isso acarreta até na diminuição do PIB.

Enfim, não quero ser alarmistas aqui com vocês, mas precisei ilustrar a situação onde estamos para contextualizar o pedido que fiz lá no início: ponto conta dessa ignorância que temos por uma série de fatores, nós nos acostumamos a pensar que é cada um por si. Só que esse pensamento, psicologicamente falando, acaba não se sustentando por muito tempo porque, para algumas pessoas, principalmente para aquelas que já passaram por uma situação ruim na vida e conseguiram, de alguma forma, se reerguer, ver alguma pessoa passando por isso também chega a doer. E é aqui que a coisa complica um pouco.

ME AJUDE A NÃO VER

Quando olhamos essa situação e vemos um igual a nós passando por um problema muito grande, uma série de neurônios especiais em nosso cérebro é ativado, dando pra gente o que costumamos chamar de “efeito espelho”. Esse efeito faz com que nós compartilhemos a dor do nosso semelhante, pelo menos um pouco, o que fez com que nós aprendêssemos, ao longo de nossa evolução, a não repetir os mesmos erros. Sentir a dor do outro fazia com que não cometêssemos os mesmos erros, entende? Pois é, cada um de nós tem alguns gatilhos específicos para isso e nos faz reagir de determinada forma. Para os meninos, por exemplo, um ato muito caricato é bem fácil de ser compreendido: quando vemos uma pessoa se ferindo em seus órgãos genitais, nós automaticamente compartilhamos a sensação, não importa a distância em metros, ou em empatia, que temos desta pessoa. Então, é aqui que mora todo o problema.

Quando vemos alguém em situação de fragilidade, tendemos a sentir da mesma forma que esta pessoa. Como disse, cada um teremos gatilhos específicos, então alguns sentem quando veem crianças passando fome, outros quando vêem velhos na rua, outros ainda, quando veem mulheres sofrendo violência. O problema é que, na maioria das vezes, buscamos uma forma de nos sentir melhor com isso, com essa sensação que temos e ai isso entre em conflito com aquela nossa disposição de fazer com que nosso bando continue bem, a despeito do outro. Então… buscamos uma venda.

Essa venda pode ser qualquer coisa, desde que essa coisa nos afaste do assunto e é aqui que entra a oração, ou reza. Ela é a forma mais fácil de tirar o problema das nossas mentes, só que a grande questão aqui é que ela não serve de nada.

Vamos lá; independentemente da sua fé, você precisa concordar comigo que, para uma pessoa que está passando fome, uma oração sua não serve de nada, não é? Ela não vai nutrir as pessoas, não vai mudar o mundo a sua volta, não vai fazer nada. Você pode ter a fé que quiser, mas de fato, se fé mudasse o mundo, não estaríamos no mundo que estamos, acredito eu. Afinal… nosso mundo é feito de pessoas com fé, pelo menos, é o que nos dizem os estudos. Por exemplo, 32% do mundo é de cristãos, espalhados por 68% dos países do globo. 23% seguem a fé islamica e 16% das pessoas do mundo acreditam em deus, mas não tem religião. É muita gente. MUITA. Se oração fosse o caso, você não acha que o mundo seria uma maravilha? 

Aqui no Brasil, temos 86% de cristãos, divididos entre as diversas denominações e, ainda assim… temos 125 milhões de pessoas em risco alimentar. 125 milhões. Você sabe quantas pessoas tem no brasil? 214 milhões. Agora faça os cálculos: 86% de 214 milhões de pessoas é igual, arredondando, a 184 milhões. O número de pessoas passando fome, é de 125 milhões, ou seja, tem muita gente rezando enquanto passa fome. 

Ta tudo bem, neste caso eu até consigo compreender: Se você está passando fome, está em uma situação vulnerável e é normal se apegar a algo. Eu sei que o desespero é foda, mas podemos tratar disso em outro momento. A questão aqui é sobre rezar para os outros, não para você.

POR FAVOR, NÃO FECHE OS OLHOS

Como disse no começo do vídeo, estamos passando pelo período de chuvas e as catástrofes estão acontecendo novamente. Municípios do Rio de Janeiro já estão em estado de alertar e em São Paulo, algumas cidades litorâneas já estão sofrendo baixas. Hoje, no dia 22 de fevereiro, estão vendendo o galão de água em São Sebastião, por 40 reais. Pessoas estão morrendo soterradas, afogadas, perdendo casa, roupas e tudo o que conseguiram juntar. Olhar para isso dói, pelo menos em mim, e eu tenho uma inteligência emocional bem baixa, então imagino como deve ser para pessoas que conseguem estabelecer empatia. É nesse momento que você tende a usar a venda; “vou orar pelas vítimas das enchentes”. Isso conforta seu coração frente a possibilidade de não fazer nada, te conforta. Essa oração é para você ficar bem vendo isso, não para o outro, por mais que você negue essa situação. Mas eu quero te dizer uma coisa: você pode ser mais que isso.

Algumas instituições estão recolhendo qualquer coisa que possa ajudar: de roupas usadas, eletrodomésticos, itens de higiene pessoal e, até mesmo, dinheiro. Vou colocar aqui na descrição do vídeo os locais onde você pode doar essas coisas e, se você não tem as coisas em si, você pode fazer um pix para o Fundo Social de Solidariedade. pode ser 1 real, não importa, o pix é livre de imposto e um real já vai ajudar. 

Lembrando que: os endereços que coloquei aqui na descrição, são para auxiliar as cidades de Ubatuba , São Sebastião , Ilhabela, Caraguatatuba e Bertioga, aqui no estado de São Paulo, mas você pode procurar as cidades do seu estado e ajudar ai também. Se ainda assim você não conseguir ajudar doando um real, pelo menos ajude divulgando. Não precisa ser esse meu vídeo, pode ser um texto seu mesmo, uma foto no instagram com os endereços das associações, um tiktok… não importa. Aliás… não peço nem que você pare de rezar. A fé é sua, faz o que quiser. Só peço que você reze. E que também faça alguma coisa útil.

Antes de terminar o vídeo, só preciso dizer uma coisa, porque como disse no início do vídeo, sei que quase metade do Brasil não terminou o ensino fuundamental, o que quer dizer que, em geral, essa metade costuma agir mais com a emoção do que com a razão: Eu faço atendimentos particulares com Magia Hermetista e nem vou perder meu tempo tentando explicar o que é isso de verdade, vou deixar você imaginando que isso é a mesma coisa que rezar por alguém. Entretanto… ao mesmo tempo que faço isso, reverto cada venda de curso que faço, a uma instituição de auxílio, que incluem Amigos do Bem, Projeto Ninho e AMPARA Animal.

Como sempre, as fontes usadas neste vídeo estão no campo de descrição. Espero que você seja uma pessoa melhor do que foi até agora, que tenha uma ótima vida. Tchau.

REFERÊNCIAS

ONG Banco de Alimentos – No Brasil, 125 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar.

Are dietary patterns in childhood associated with IQ at 8 years of age? A population-based cohort study – https://jech.bmj.com/content/66/7/624

ROSSI, Marina. Metade dos jovens não consegue concluir o Ensino Médio até os 19 anos. https://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/05/politica/1417813081_342486.html

Má alimentação reduz QI e PIB, diz ONU. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2603200414.htm

Onde doar?

Fundo Social (Sede) – Centro

Rua Capitão Luís Soares, 33

Telefone: (12) 3892-4991

Regional Centro

Rua João Cupertino dos Santos, 249

Telefone: (12) 3891-2050

Regional Topolândia

Av. Professor José Machado Rosa, 171

Telefone: (12) 3893-1305

Regional Costa Norte

Rua do Parque, 04

Telefone: (12) 3861-1234

Regional Maresias

Avenida Dr. Francisco Loup, 1316

Telefone: (12) 3865-7094

Regional Boiçucanga

Avenida Walkir Vergani, 36

Telefone: (12) 3865-1550

Regional Juquehy

Rua Maurício Benedito Faustino, 101

Telefone: (12) 3863-1473

Regional Boraceia

Alameda Ribeirão Pires, 339

Telefone: (12) 3861-1981

Titular: Fundo Social de Solidariedade

Banco do Brasil

Agência: 0715-3

Conta-Corrente: 54708-5

Ou chave pix – CNPJ: 28.086.952/0001-99

Ilhabela

A Prefeitura de Ilhabela também arrecada materiais como colchões, mantas, eletrodomésticos, materiais de limpeza e produtos de higiene pessoal. 

Onde doar? Sede do Fundo Social, na rua Guaiamu, 56 – Perequê.

Telefone : (11) 99932-7150.

Guarujá

A Prefeitura de Guarujá recebe produtos de higiene e alimentos não perecíveis.

Onde doar? Ginásio Tejereba, na rua Silvio Daige – Jardim Tejereba.

Caraguatatuba

O Fundo Social da Prefeitura de Caraguatatuba arrecada material de limpeza (demanda mais urgente, neste momento), além de itens de higiene pessoal, roupas (infantis, femininas e masculinas) e roupas de cama e banho.

Onde doar?  Centro Esportivo Ubaldo Gonçalves (Cemug), na Avenida José Herculano, 50 – Jardim Britânia.

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