Nino Denani

Amor… quem nunca, não é mesmo?

Todos nós queremos de alguma forma alcançar nosso príncipe encantado, descobrir aquela pessoa que vai nos tirar o fôlego ou ainda, quem sabe, aquele ser que completa nossa alma que foi partida no momento da criação e jogada no mundo por algum tipo de… não sei, confesso que não faço a menor ideia do que é essa história de alma gêmea… eu tentei, eu tentei… mas sei que não consigo enganar vocês por muito tempo e, sinceramente, nem quero. 

Confesso que não sou a melhor pessoa do mundo pra falar sobre esse assunto. Eu não sou lá muito dado a sentimentos. Algumas pessoas, incluindo minha psicóloga, já desconfiaram que eu estava de alguma forma inserida no espectro autista por conta disso, embora essa opção não tenha sido completamente descartada, hoje a desconfiança vai pra outra neuroatipicidade, mas quer saber? To bem assim. Muita gente me inveja por essa minha capacidade de sentir pouco… aliás, é isso; não é que eu não sinta. Eu sinto, eu amo, claro. Só sinto de uma forma diferente, que parece ser quase nada. Enfim… não é sobre mim esse vídeo, mas essa digressão me fez pensar em uma coisa: talvez por estar de fora, eu seja a melhor pessoa pra falar sobre isso; sobre amor, sobre amar e, principalmente, sobre o melhor feitiço para atrair a pessoa amada que você poderá fazer.

Seja bem vindo, meu nome é Nino Denani, sou psicanalista, pós graduado em neuropsicologia, Mago Hermetista e quero te convidar para batermos um papo sobre as artes mágickas.

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Sim, nós vamos falar de amor nesse texto e sim, eu vou te dar uma receita vinda diretamente dos estudos de um Mestre Mago para você ter seu amor de volta ou para atrair aquela pessoa que você quer. Em meio a redpills e homens sigmas, acho que eu preciso fazer essa espécie de contraponto e dar meu cadinho mágicko sobre isso, mas claro, antes de prosseguirmos, eu preciso de um pouco de contexto; o que seria esse tal de amor?

Amor é uma emoção… ou um sentimento… que leva a pessoa a desejar o bem a outro, entretanto, o uso dessa palavra é tão variado quanto a soma de todos os sentimentos que nós podemos sustentar; vai depender da ótica, da forma que você olha. Isso quer dizer que a religião, por exemplo, vai tratar o amor de algumas formas, a filosofia, de outras e as ciências humanas, vai fazer ainda outras formas de definição. 

Claro que, embora um tanto misterioso, o amor não escapa às medições científicas e sabemos mais ou menos seu mecanismo para acontecer em nossos corpos; sabemos que o sistema límbico tem um papel muito importante no sentimento de amor e sabemos também que ele está presente nos mamíferos e, talvez… nas aves. Isso quer dizer que sim, embora ligeiramente diferente da gente, seu gatinho ou seu cachorrinho possivelmente sentem amor por você. Cientificamente falando.

O mais interessante é que parece que o amor não é um sentimento nato nos animais; ele é aprendido. O psicólogo Erich Fromm defende que o amor precisa ser aprendido, ele não só acontece, é uma faculdade que deveria ser estudada para que se possa desenvolver. Segundo ele, “se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo por que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte; seja música, pintura ou carpintaria

Paracelso também se aventura pelas águas agitadas da compreensão do amor e nos diz que o amor é, olha só que curioso, ligado diretamente ao conhecimento do indivíduo. Ele diz “Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende, nada vale. Mas quem compreende, também ama, observa, vê… Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor“.

Eu não sei vocês, mas essa colocação sobre o amor tanto de Fromm quanto de Paracelso me dá uma pequena pista daquilo que é o amor, ou pelo menos, o que temos que fazer para conquistar o amor e não estou falando de conquistar o ser amado, estou falando de conquistar o amor e sim, uma coisa é diferente da outra e eu vou tentar dar outro contexto aqui para você.

AMAR O AMOR DO OUTRO

Conquistar o amor é dominar o que é o amor, diferente de conquistar o ser amado, onde na verdade, você vai aplicar o que sabe do que é o amor, no outro. Eu sei que isso é meio complicado, mas meu papel aqui é tentar explicar, então senta que lá vem exemplo;

Sabe aquele pessoal que está nos grupos de facebook, dizendo que a pessoa que ela ama está se afastando, indo embora, e ela quer de qualquer jeito fazer uma amarração para trazer essa pessoa de volta? Ou um adoçamento coisa assim?

Então… essa pessoa não domina o que é o amor, portanto, ela não consegue conquistar o ser amado. Amar, para ela, tem a ver com posse, com pertencimento. Como ela não compreende o amor, ela precisa que a outra pessoa esteja com ela e, sinto te dizer… quando aquele corpo decide ir embora, é porque o amor já se foi ha tempos e você só está cultuando uma casca. Complicado? Vou explicar ainda mais;

Para quem ainda não sabe, eu namoro com a pracy e isso acontece porque eu tenho uma série de sentimentos por ela que me fazem querer tê-la por perto, mesmo que não fisicamente, certo? Agora… imagine que a Pracy faça alguma coisa que me deixe muito mal. Mas algo realmente tenebroso, que eu não vou conseguir compreender o porquê disso. 

Imaginou? Excelente. Quando ela fizer isso e eu souber, o que vai acontecer a mim? Eu terei uma informação que não tinha até então. Que a pracy fez esse algo horrível. Por mais que ela se desculpe e que eu aceite as desculpas e a perdoe do fundo do coração, eu já não serei mais o mesmo Nino Denani de antes desse ato. Esse Nino Denani morreu, porque é o que acontece sempre que recebemos uma nova informação; o Nino Denani anterior morre. Quando leio uma página de um livro, o Nino Denani sem essa página morre. Você que está vendo esse vídeo, matou a sua versão sem esse vídeo, entende? Essa pessoa nunca mais existirá, pois o conhecimento não deixa de existir na sua mente. 

Por isso que, geralmente, os Magos mais centrados desprezam um pouco o trabalho de amarração; não tem a ver aqui com puritanismo ou sentimento cristão… na verdade é bem o oposto a isso. A gente só sabe que a amarração não funciona, pois a pessoa que você quer amarrar… não existe mais, é só isso. Quando um relacionamento está no final, quando uma das duas pessoas decide isso, é porque tantas versões que amava dela já morreram, que ela mal consegue acessar esse sentimento de novo, entende? Você pode até trazer aquele corpo de volta, mas a pessoa… já não é mais a mesma.

Aliás… esse é o motivo pelo qual o amor, as vezes, só deixa de existir mesmo, ou melhor, se transforma em outra coisa; a pracy pode morrer tantas vezes que ela se tornará alguém que eu não reconheço, mesmo que essas mortes a tenham levado para um lado ótimo em sua vida. E eu, do meu lado, também posso ter morrido tantas vezes que também fui para um lado que a pracy não reconhece mais. Entende?

Enquanto a gente vai morrendo e nossas versões estão renascendo na mesma trilha ou em trilhas ainda interessantes, faz todo o sentido estarmos juntos, mas se não for assim… então pra que?

E aqui vem outro conhecimento que o amor tem que ter; o conhecimento de si.

AMAR A MIM

Lembra logo ali que eu falei que o fato de não fazermos amarração não é algo cristão, é bem o contrário? Então… 

O lance do “amor” que você tem hoje em dia, de que você precisa ficar a vida inteira com uma pessoa, até que a morte nos separe e tudo o mais… é muito cristão. Não estou dizendo que foi o cristianismo que criou esse conceito, mas foi ele quem solidificou e, possivelmente, você só pensa assim e tem toda essa necessidade da outra pessoa, porque foi acostumado a pensar assim, dado que vivemos em um país de maioria cristã. Tá… tem toda uma questão do capitalismo também, que precisa de uma “família tradicional brasileira” para funcionar, dado que ninguém consegue trabalhar o tempo que trabalhamos diariamente e ter uma vida saudável, sem ajuda. Então, ter mamãe em casa cuidando dos filhos e papai no trabalho, trazendo dinheiro foi bastante útil no pós guerra para construir mão de obra. E como disse… amar é aprendido, e você aprendeu assim, mas quem disse que nos dias de hoje, esse arranjo ainda é o mais certo ou o único possível?

Isso tem a ver com se autoconhecer, ou seja, se conhecer o suficiente para saber o que te faz bem e o que te faz feliz. Lembra o que disse lá no início do vídeo? “Amor é uma emoção… ou um sentimento… que leva a pessoa desejar o bem a outro”, nesse caso, o “outro” é você. O que te leva a desejar o bem a você mesmo? É a existência e interação com uma outra pessoa em específico? Isso não é muito pouco? Você pode ter o universo, mas fecha seus olhos… para uma pessoa que não quer desejar o bem a você? 

Isso me parece um pouco… autodestrutivo, o que quer dizer que, se o amor é conhecimento e a vontade de que o outro esteja bem… você não está demonstrando nada disso a si, o que é triste. 

Ah… antes de prosseguir, não estou defendendo a poligamia ou o amor livre; defendo que você tem que pensar a respeito disso de forma sicenra e ver se faz sentido pra você, porque pode não fazer. E se não fizer, você precisa saber. Não adianta você dizer para mim que a não monogamia é coisa de escroto e fazer parte dos 50% de homens que confessaram já ter traído, conforme pesquisa do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, muito mais legal seria se você e seu parceiro ou parceira, pelo menos soubessem da possibilidade que você tem de ficar com outras pessoas. 

Aliás… que tal se falássemos um pouco mais sobre isso?

Já que estamos falando de amar a si, qual é a relação que você estabelece com a outra pessoa? Tenho visto muita gente com um discurso meio estranho ultimamente, pregando uma espécie de superioridade para com o outro, não importa se é homem ou mulher, de uma forma que o outro sempre parece ser o inimigo. Sim, estou falando da galera redpill.

Em geral, o discurso que vemos parece, à primeira vista, ser de alguém empoderado, independente, com seus sentimentos todos controlados e a vontade de viver a vida do jeito que ele mesmo quer. E não vou negar que pode ser assim mesmo em alguns casos, mas os casos que vem a público falar… não tem nada disso. A figura construída de um homem, por exemplo, seguro e independente é algo que camufla uma séria insegurança e traumas de abandono ou quebra de expectativa bastante profundos. A vontade de manter a mulher, por exemplo, como um troféu, controlando todos os seus movimentos; o que posta nas redes sociais, o que come, o que bebe, quantas vezes sai com amigos e se sai com amigos e até, recentemente, o tempo que ela fica no banheiro, demonstram uma insegurança que pode ser considerada patológica, camuflada com essa pretensa figura de “sou foda o suficiente para você ter que me seguir”. Afinal… se a mulher posta foto de biquíni no instagram, não necessariamente quer dizer que ela quer se mostrar para outros homens; às vezes só quer dizer que, naquela foto, naquele momento, ela se sentiu bem consigo mesma a ponto de querer extravasar isso para o mundo, assim como você, menino, às vezes se sente bem quando compra um tênis novo e quer postar isso para todo mundo ver. As coisas que são importantes e motivo de foco para uma pessoa, não necessariamente são para a outra; a Pracy nunca ficará tão feliz quanto eu quando compro um pneu novo para moto, compreende? Assim como eu nunca ficarei tão feliz quanto ela quando faz um lance diferente na unha… Eu posto foto da moto e ela, da unha. Simples assim.

Claro, também, que não estou falando que todo mundo é assim; efetivamente, podem ter meninas que postam fotos de biquini para atrair outros homens e homens que postam foto do carro pra atrair outras mulheres e aqui que o amor a si precisa falar mais alto; quem é você nesse rolê? No fundo, não há problema em estar em um lado ou outro, mas você precisa se amar o suficiente para saber onde está e ser honesto consigo para, consequentemente, ser honesto com o outro e aceitar que, talvez, a pessoa que você acha que ama não é, realmente o seu motivo de amar… pode ter sido um dia, mas não é mais. Lembra a história de que morremos o tempo todo? Pois é… às vezes é hora dessa pessoa que você amava como namorado, se tornar alguém que você ama como amigo e vice e versa.

Eu fico muito triste de ver esse movimento crescendo nos dias de hoje na internet e tudo o mais porque eu sei que uma simples terapia resolveria o problema. Sei também que… Espera, esse assunto vai ser polêmico, então espera eu chegar ao final para você ficar puto comigo, tá?

MACHISMO ESTRUTURAL

Quando falamos de machismo, em geral, as pessoas compreendem que é o fato do homem ser superior a mulher e essa compreensão é tão superficial quanto essa frase. O termo, na enciclopédia britânica, está descrito como “a sensação de ser ‘viril’ e autossuficiente, o conceito associado a “um forte senso de orgulho masculino: uma masculinidade exagerada“. Acho que você já ligou o redpill ao termo, não? 

Bom, isso encarna uma série de problemas para a sociedade, mas não somente para as mulheres, trans, gays e todas as siglas do LGBTQAI+: isso também prejudica os meninos. 

Hoje em dia a sociedade está bastante mudada e nós estamos lidando com questões cada vez mais profundas, que em tempos anteriores nem eram sabidas que existiam. A depressão, por exemplo, é um mal cujo diagnóstico é bem recente, o que quer dizer que as pessoas antigamente não tinham depressão? Não… quer dizer que antes todo mundo era mais forte? Não. Só quer dizer que antigamente a gente resolvia isso com drogas, álcool e bastante violência. Hoje, nós queremos resolver isso de forma mais saudável, então procuramos ajuda. Quer dizer… alguns de nós e é aqui que quero chegar: A ideia da autossuficiência e um forte senso de orgulho masculino meio que cria meninos reprimidos, acuados, pressionados. Não é de hoje que sabemos disso. Vou dar um exemplo: Segundo o psicoterapeuta e CEO da Clínica da Mente Pedro Brás,

os homens não pedem ajuda, sofrem mais e em silêncio e explodem em última análise com a ideação suicida. O comportamento mais comum e sintomático do mal-estar emocional nos homens é a agressividade e impulsividade. As mulheres, ao procurarem mais ajuda, conseguem encontrar o equilíbrio emocional mais frequentemente e mais prontamente

e por que os meninos fazem isso? Porque nos é cobrado e ensinado que o homem não chora, não é?

Claro que não estou falando isso para livrar a barra dos meninos ou nos colocar em uma posição de vítima, só estou constatando fatos e alertando que é exatamente este mesmo mecanismo que cria os redpills; como resultado da repressão social a respeito do papel de homem e da pressão que isso causa em alguns meninos em particular, a fuga que eles encontram, em vez da ajuda na psicoterapia, é o recalque dos sentimentos e a substituição por uma situação de superioridade imposta, muitas vezes, à força.

É um jeito que alguns meninos encontram para conseguir se amar, mesmo com a ilusão de inferioridade que a sociedade impõe a um menino que não consegue, por algum motivo, um tipo específico de mulher para se relacionar. Essa fragilidade nada mais é que o amor ferido.

Agora… você deve estar se perguntando aí porque diabos eu levantei toda essa questão, dado que a promessa que fiz logo no início do vídeo era te dar as ferramentas para conquistar as pessoas que você quisesse, certo? Então… estou fazendo exatamente isso, só que antes de te dar a ferramenta, preciso perguntar a você se a pessoa que você quer é realmente a pessoa que você quer ou só te fizeram pensar que era, entende? E para responder essa questão da melhor forma possível, você precisa antes compreender o que é o amor e que o amor tem que ser primeiro de você para você, senão seu julgamento pode ser corrompido, o que possivelmente pode te dar uma impressão de amor que vem do controle seu para com o outro, ou do outro para com você. Em nenhum dos casos isso é lá muito positivo, então me diz: você quer essa pessoa exatamente por quê?

Essa pergunta pode parecer esquisita, mas ela é o fundamento para aquelas pessoas que dizem que amam uma pessoa, mas não ficariam com ela pra não perder a amizade. Ora, pessoa… você acha que o amor é o que? Vamos dizer que você já entendeu o que eu quis dizer aqui sobre o amor a si, ou seja, você já entendeu que amar a si tem a ver com conhecer a si, como disse Paracelso, e conhecendo a si, você sabe exatamente o que faz com que você ame. Sabendo disso, você sabe que ama alguém, mas não quer ficar com esse alguém porque tem medo da amizade acabar… 

Então, o que você busca do amor?

AMAR AO OUTRO

Claro que não estou dizendo que você precisa ficar com quem quer que seja só porque essa pessoa é seu amigo ou amiga, mas eu sempre achei curioso a questão de não se relacionar com alguém que você ama porque ele ou ela é seu amigo ou amiga. Deveria ser exatamente isso que se espera de alguém com quem você está escolhendo passar boa parte do tempo de seus dias ou de compartilhar um pedaço da sua vida. Eu não sei, mas a Pracy foi minha amiga antes de ser minha namorada e, agora que namoramos, ela continua sendo minha amiga, minha grande amiga, aliás. Aqui entra um outro componente no que chamamos de amor e que precisa ser avaliado: o desejo.

O Amor é separado, pelos gregos antigos, em três camadas, basicamente. Eros, Philos e Ágape. Platão no seu Banquete ainda vai separar Eros em duas partes: o Eros comum e Eros divino, mas não precisamos disso agora, o que nos importa são esses dois carinhas: Eros e Philos.

Como os gregos antigos gostavam de fazer, eles transformaram esses dois sentimentos, por assim dizer, em deuses: Eros é o irmão mais novo, mais impetuoso, imprudente e, até porque não, narcísico, enquanto Philos é o irmão mais velho. 

Eros é o amor mais carnal, como ele é jovem e narcísico, precisa da presença do objeto do amor, do toque, da carne. Não é a toa que o termo erótico ou erotismo vem daí. Só que Eros é ciumento também, então enquanto ele existe, não pode existir Philos, que é o mais maduro, o amor mais velho, aquele que precisa de companheirismo, de respeito, de admiração. Para os Gregos Antigos, o amor que nós chamamos de paixão precisa acabar para que o amor de verdade aconteça. Talvez isso seja algum tipo de reflexo da observação de que casais que passam muito tempo juntos, acabem se tornando mais amigos que amantes. Em nossa sociedade, hoje em dia, geralmente é nesse momento que nos separamos, que deixamos o outro ir, quando falamos que a gente já não tem o mesmo desejo um pelo outro. Para os gregos, é aí que o amor começa. 

Por isso pra mim não faz muito sentido esse lance de não querer ficar com um amigo… por que, na verdade, é aí que o relacionamento vai acabar, numa espécie de amizade.

Mas porque fiz toda essa volta aqui? Porque quero mostrar a você que amar é uma coisa e desejar alguém é outra. Tanto desejar quanto amar é saudável e podemos desejar várias pessoas, assim como podemos amar várias pessoas. Aqui vem outra parte importante da questão do amar a outro: Amar a quantos e de que forma?

Eu não vou aqui defender a não monogamia, embora ache de verdade que todos deveriam tirar o cristianismo da cabeça e pensar a respeito, como já disse nesse texto, estou para dizer que as formas de amar são muitas e podem ser divididas entre várias pessoas. A gente entende isso desde o berço quando aprendemos a amar nossos tutores de forma diferente. Eu amo meu pai de uma forma, minha mãe de outra e minha filha de uma terceira e nenhuma dessas formas corresponde à forma como amo a Pracy, entende? E você precisa saber disso porque, aliás, nem todas as formas de amor acabam por externar formas de desejo, embora às vezes, alguns de nós, humanos, acabemos por confundir as coisas. No caso do amor não monogâmico, por exemplo, são vários tipos de amor também, não dá pra dizer que todos eles são iguais e mais; é bem possível separarmos o amor de desejo e desejarmos alguém, a despeito do amor que sentimos por outra pessoa. 

Agora pegue tudo isso que acabei de te dizer e se pergunte: o que sinto por essa pessoa que me dói tanto quando penso nela: é amor, desejo ou admiração?

Sim… coloquei uma palavra nova na equação, pois às vezes admiramos alguém de algum jeito e isso pode se transformar em um sentimento meio sexual. Não podemos deixar de lado nossa herança, nós ainda somos primatas e o sentimento de olhar para alguém e ver essa pessoa se destacando, por exemplo, pode ser traduzido por nós como desejo sexual. Aqui a coisa é muito mais mecânica que sentimental, o desejo é uma simples forma da natureza nos dizer que aquela pessoa seria ótima para compartilhar os genes para a próxima geração, o que nos dá vontade de procriar. Essa vontade nada tem a ver, necessariamente, com o amor, mas pode ser que sim e você tem que ter muito cuidado com isso. Qualquer pessoa em uma posição de poder pode despertar esse tipo de sentimento: um professor, um personal trainer, um ídolo de k-pop, até mesmo um youtuber.

É… a coisa tá bem complicada aqui, não é mesmo? 

AMAR O QUE O OUTRO AMA EM NÓS

Outra coisa que precisamos conversar antes de irmos para o feitiço de amarração que vou te passar, precisamos tirar isso da mente também: aquela ideação de que antes era mais fácil ou melhor.

Não… não era.

Antes tínhamos menos opções, o amor não era tão levado a sério e as situações que tínhamos não eram tão favoráveis ao indivíduo. Hoje nós temos muitas opções, nossos sentimentos são importantes para nós e temos uma sociedade mais dinamica e que presa mais o indivíduo a despeito do grupo. Hoje nós temos o que Bauman, o filósofo, chama de relações líquidas, pois as relações hoje em dia fluem de acordo com o nosso humor, por assim dizer, escorrem por nossos dedos. As relações amorosas deixam de ter aspecto de união e passam a ser mero acúmulo de experiências, e a insegurança seria parte estrutural da constituição do sujeito pós-moderno, e vou repetir, pois isso é ideia de Bauman: A insegurança seria parte estrutural da constituição do sujeito e aqui, vemos novamente o redpil se manifestando.

Bom, não vou mais falar disso, só vou falar que todos os estudiosos, todos os pensadores que têm por função de vida olhar a humanidade, a sociedade, e ver o que está acontecendo até para propor novas formas de encarar a realidade nos alertam que… hoje não é ontem e por mais que a gente queira resgatar as coisas, essas coisas não existem mais. Não adianta você olhar para a bíblia e esperar uma espécie de família tradicional cristã a partir de lá porque… nós não somos mais aquelas pessoas, não funcionamos mais daquele jeito e, sejamos sinceros: ninguém quer viver daquela forma. Por mais que seu pastor diga o contrário, você sabe que aquela configuração de família, onde por exemplo, o homem tem mais importância no relacionamento que a mulher e ela é somente uma espécie de reprodutora, não faz mais sentido. Hoje nós queremos sentir, queremos viver, queremos ter experiências e isso não combina muito com a subserviência que a família tradicional cristã, de alguma forma, prega. Queremos muito mais que isso e hoje, as meninas, felizmente, já sabem que elas não tem que ser coadjuvante de nada, que são protagonistas da própria vida e que podem seguir adiante sem precisar da permissão de alguém. 

Alguns ainda podem achar que “antigamente era melhor” porque era mais fácil não ser contrariado ou ter que se preocupar com o bem estar da outra pessoa porque a função dela era te servir, assim como os fabricantes de vela se incomodaram quando as lâmpadas surgiram, mas vou te contar uma coisa; ninguém se importa com você.

É… pois é. Ninguém se importa. MESMO. No mundo de hoje estamos cada vez mais cada um por si, o que quer dizer que encontrar alguém que te ame é um esforço ativo, não passivo, ou seja, você tem que ser “amável” para outra pessoa, não esperar que alguém te ame só porque você existe. Até agora falamos de uma forma egoísta, ou seja, falamos de a amar a si, de amar a outro, mas… e de nos tornarmos amáveis?

Aqui a gente começa a mudar o foco e agora a coisa vai ficar esquisita para você: Você quer que alguém se apaixone por você, mas por quê isso aconteceria? O que você pode oferecer a outra pessoa para que ela te ame, entende?

Sei que para muitos de vocês isso vai ser chocante, mas você pode apostar: ninguém precisa de você na vida se você não tem o que oferecer. E o que você tem a oferecer tem que estar de acordo com o que a outra pessoa tem de planejamento para sua vida e mais; você vai ter que ser alguma coisa enquanto isso durar, porque só vai durar por conta disso. A Pracy não está comigo só porque sou bonitinho, assim como eu não estou com ela só porque ela é gostosinha; temos muita coisa em comum e nossos caminhos apontam para a mesma direção, portanto, faz muito sentido estarmos seguindo juntos. Mas tem que ter mais coisa além disso, porque só isso, uma amizade bastaria. Ela tem muita coisa em sua personalidade que me ensina; ela é guerreira, nunca deixa a peteca cair, ela consegue se empolgar com as coisas de uma forma que tira minha mente do comum, ela tem uma vontade inabalável, ou seja, ela me agrega. E você? Agrega o que a alguém?

Agora… sabe porque isso vai ser estranho para você? Por que isso exige amar a si, ou seja, conhecer a si, o que é bem difícil porquê nem sempre você é aquilo que acha que é e a sua “fodicidade” pode ser bem menos foda do que você imagina ou simplesmente apontar para um lado que a outra pessoa não quer. Se a Pracy fosse, por exemplo, vice-presidente da Microsoft, talvez eu não me interessasse nem um pouco por ela, pois a vida que ela levaria, não combina nem um pouco com o meu objetivo de vida, embora ela, com certeza, fosse foda no que faz, entende?

Quando eu iria poder pegar minha moto e sair por ai? Aliás… a liberdade que a personalidade da Pracy admite do seu parceiro é um dos atrativos que eu tenho por ela; eu já passei dias viajando sem que ela sequer soubesse onde eu estava e isso basicamente porque nem eu sabia e, para ela, ta tudo bem. Essa liberdade é fundamental para a minha existência e ela está ok com isso e isso é uma das formas dela ser amável para mim, assim como, posso apostar, minha paixão pela culinária é uma das formas de eu ser amável para ela.

Então aí vem a pergunta: Você é amável ou só quer ser amado e não dar nada em troca? Foda, né?

Bom… acho que já falei muito sobre o que é o amor, não é  mesmo? Que tal agora, finalmente, irmos para o feitiço de amarração?

AMAR DIREITO

Pois bem, aqui estamos e sei que você está empolgado ou empolgada para finalmente saber o que fazer para conquistar aquele boy ou aquela menininha, não é? Então, pegue papel e caneta e assista novamente o vídeo e só depois vá a frente.

A primeira coisa que você tem que fazer é compreender que esse feitiço tem que ser feito em grupo e não será feito em um ritual na sua casa, será feito perto da pessoa que você quer atrair. Você vai precisar se mover um pouco, pois o rito em si depende de um certo trabalho pra funcionar de forma efetiva. Você precisa estar com essa pessoa em vista, ou seja, ela precisa estar no seu campo de visão. Não dá pra fazer o rito pra uma pessoa distante ou coisa assim, embora em alguns momentos, depois do primeiro contato, isso possa acontecer.

Então, a primeira coisa que você vai precisar é de um grupo de amigos, principalmente se você for menino e hetero, mas funciona para as meninas e para o espectro LGBTQAI+. Quando você encontrar esse grupo, e precisa ser de amigos, ou seja, você vai ter que trabalhar sua sociabilização ai, você vai ter que trabalhar também seu humor. Pessoas mais divertidas chamam mais a atenção. Uma das formas boas de fazer esse trabalho é sair um pouco da internet e ir para a rua; procure coisas que você goste, pois aqui há maior chance de encontrar pessoas pelas quais você vai se interessar. Se a pessoa alvo for um ex-namorado ou coisa assim, alguém que você quer atrair novamente, então comece a descobrir o que essa pessoa gosta de fazer e ver se tem a ver com você. Se tiver, então é hora de você mudar um pouco e começar a frequentar esses lugares também.

O que? Você quer ser trevosão e andar por aí de cabeça baixa e sentindo a melancolia do mundo? Faz o que você quiser, mas se sua vontade é trazer a pessoa amada, você vai precisar seguir os passos do rito. A escolha é sua.

Certo; você tem um grupo de amigos e vocês tem bom humor, isso vai criar uma conexão energética entre vocês que vai fazer uma egrégora ser formada e é essa energia que vamos usar no rito. Isso pode demorar um pouco para ser efetivo. 

Agora, quando você tiver um alvo em particular, você terá que participar, de alguma forma, do que esse seu alvo participa. Não adianta você nunca ser visto ou ouvido pela pessoa e querer ficar com ela; ninguém se apaixona por uma pessoa que não sabe que existe. Então dê seu jeito de seus interesses, em algum momento, confluirem com os interesses da outra pessoa até que você crie um espaço onde possam conversar. 

Como o grupo de amigos que você criou frequenta lugares que seu alvo também frequenta, a egrégora vai ser muito mais forte e potente e contar com a energia específica para a atração.

Quando isso acontecer, você vai ter que se aproximar com a postura aberta, ou seja, não fique de braços cruzados, costas tortas… se imponha e também, quando você puder falar com a pessoa, use de assuntos mais profundos. “Quer teclar”, não… fale sobre assuntos que você goste e domine, mas tem que dominar de verdade, não vá me falar de física quantica esotérica pra não passar vergonha. Essa etapa é importante para você saber se a pessoa realmente faz sentido pra você, pois esse rito é infalível, beleza? Esse “dominar o assunto sobre o qual fala” também vai dar uma impressão de ser líder do grupo, o que vai fazer com que uma energia de atração seja sentida pelo seu alvo. 

Para essa aproximação, você pode usar a egrégora feita, então olhe para a pessoa firmemente e imagine uma nuvem azul clara (que é essa egrégora) envolvendo você e o alvo. Quando essa nuvem envolver a você, te dará coragem para chegar na pessoa e falar com ela e, quando isso acontecer, a nuvem energética, ou seja, a grégora, vai tratar de adoçar a pessoa também. 

Ah! Uma coisa que ajuda aqui; sorria. Não quero dizer “gargalhe”, mas o sorriso é uma ótima forma de fazer a energia que você está construindo, chegue a pessoa. Por falar nisso, uma coisa importante:

Lembra que você também precisa ser amável? Então cuide de você quando for fazer esse rito, beleza? Passe um perfume, não esqueça do desodorante, penteie os cabelos, cuide da barba, use uma roupa estilosa, se preocupe com o que você vai mostrar. O importante é o que se tem por dentro? Sim, claro… mas o que se tem por fora é um fator para que se conheça o que se tem por dentro, inclusive, alguns estudos mostram que é reflexo disso e o hermetismo diz a mesma coisa; tanto dentro quanto fora. Então se vista direito, tome banho, descubra seu estilo e siga isso.

Beleza, isso foi ótimo. Você está com a pessoa a sua frente e é hora de jogar o anzol. Sim, esse rito é como uma pescaria; depende de paciência e, às vezes, de jogar esse anzol no rio mais de uma vez. Quando você estiver finalmente conversando com essa pessoa, lembre-se que suas experiências e preferências são extremamente importantes para o sucesso. Mostre quem você é e esse “ser” tem que passar por criar um vínculo emocional com a pessoa a frente, então escute-a com interesse, descubra quem ela é também e o que ela gosta e use esse tempo para continuar jogando a nuvem energética, ou a egrégora, nela.

Eu sei que esse rito não tem nada de parecido com o que costumam falar de acender vela, fazer entrega na encruzilhada e tudo o mais, mas toda a Magia tem um preço e o preço para ter alguém que você ama de volta ou ainda conquistar alguém que você quer tem que ser muito maior que o preço de uma vela ou de um trabalho com um pai de santo de poste; O preço tem que ser sua própria vida, figurativamente falando. Lembra que falamos aqui sobre matar sua versão anterior para você ser uma nova versão de você mesmo? Então… ter outra pessoa em sua vida exigem que você mate quem você era e esse rito em particular, faz isso com você.

Em pouco tempo, você deixará de ser solteiro, pode apostar.

Espero que você tenha uma ótima vida, seja alguém melhor do que foi até agora. Tchau

REFERÊNCIAS

Delton Croce e D. Croce Jr. (1995). Manual de Medicina Legal. [S.l.]: Saraiva. p. 527. ISBN 8502014927

Erich Fromm; Milton Amado (tradução). A Arte de Amar. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 19-25

50% dos homens brasileiros já traíram, diz estudo; mulheres traem menos – https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/07/50-dos-homens-brasileiros-ja-trairam-diz-estudo-mulheres-traem-menos.html

MACHISMO. Encyclopædia Britannica, inc. 11 de dezembro de 2015. Consultado em 11 de abril de 2023. https://www.britannica.com/topic/machismo

 JOANA ALMEIDA SILVA, Depressão: os homens sofrem sem lágrimas nem gritos. https://www.noticiasmagazine.pt/2020/depressao-os-homens-sofrem-sem-lagrimas-nem-gritos/estilos/237681/

Felipe Epaminondas. 9 dicas para se tornar mais atraente

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